foto: Ion David

A Chapada dos Veadeiros

A Chapada

Escolha o caminho a seguir e prepare-se. Sua caminhada vai levar você a lugares surpreendentes.

Conhecida como Berço das Águas, a Chapada dos Veadeiros se destaca pela quantidade de nascentes de águas puras e cristalinas, cachoeiras, poços, cânions, belas paisagens, trilhas históricas e seu povo hospitaleiro.

A região é protegida pelo Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que pela sua importância, recebeu os títulos internacionais de Reserva da Biosfera Goyas e Patrimônio Natural da Humanidade (Unesco).

É neste impressionante cenário que desenvolvemos inúmeras opções de roteiros e atividades proporcionando experiências inesquecíveis aos visitantes.

foto: Ion David

História

Os primeiros a pisarem na região foram os índios nômades Avá Canoeiros e Crixás que vinham para as montanhas em busca de caça e coleta, onde constituíam seus abrigos temporários. Por volta de 1730, começam a chegar os primeiros bandeirantes, tendo como missão mais significativa a Bandeira do Anhanguera. Vinham faiscando o ouro dos riachos e criando as primeiras vilas e arraiais. Traziam consigo escravos negros, que logo fugiam para os vãos entre as montanhas, onde constituíam comunidades que até hoje vivem isoladas. É o caso do povo Kalunga, ao norte do município de Cavalcante, cidade que foi eixo e matriz da ocupação de toda a Chapada.

O marco decisivo para o povoamento da região de Alto Paraíso foi, em 1750, a implantação da propriedade do Sr. Francisco de Almeida: a Fazenda Veadeiros, que passa a ser um pequeno núcleo de colonização, no qual foram se agrupando lavradores que se dedicaram à pecuária, ao cultivo de trigo e café. Da decadência do ouro (1780) até o fim do século XIX, nada ocorreu nestas paragens que perturbasse o bucolismo dos quintais e do pastoreio.

Em 1892 um fato anunciava radicais transformações no âmbito geográfico, político e social de toda a região do Brasil Central. Era a chegada da comissão exploradora do Planalto Central, comandada por Luiz Crulz e constituída de diversos pesquisadores que tinham a finalidade de delimitar a área da futura capital do Brasil.

Em setembro de 1926 a célebre Coluna Prestes atravessa a Chapada. Em 1931, a serviço do correio aéreo nacional, o brigadeiro Lisias Rodrigues passa por Veadeiros, vindo de São Paulo em direção a Belém. Esta visita resulta na magnífica obra literária “O roteiro do Tocantins“.

Com a inauguração de Brasília (1960) toda a região do entorno começa a refletir as profundas transformações desencadeadas a partir deste evento.

Em 1980 dois fatos específicos, de origens diversas, porém complementares, tornam-se um marco decisivo para a realidade atual: eram os projetos Alto Paraíso e Rumo ao Sol. O primeiro projeto, de cunho governamental buscava instalar diversos equipamentos urbanos, tais como: hotel, aeroporto, asfalto, etc, visando criar, a partir do turismo e da produção de frutas nobres, um pólo regional de desenvolvimento do nordeste goiano. Já o “Rumo ao Sol” tinha como objetivo a instalação e desenvolvimento na área de comunidades alternativas, baseando-se em conceitos do naturalismo e do misticismo. O projeto, que era como um movimento hippie, atraiu a primeira grande leva de migrantes para a região. A partir daí, e com a implementação do Ecoturismo, a Chapada dos Veadeiros e as comunidades com ela relacionadas vem experimentando diversas transformações políticas, sociais e econômicas.

foto: Ion David

Geografia

A região da Chapada dos Veadeiros, conhecida internacionalmente como um dos pólos de Ecoturismo no Brasil, abrange os municípios goianos de São João da Aliança, Alto Paraíso, Teresina de Goiás, Cavalcante e Colinas do Sul, sendo constituída por áreas aplainadas, serras, montanhas, morros e vales.

Um enorme platô com área de 4.492km quadrados, e altitude média de 1.200m, está situado no ponto mais alto do Planalto Central do Brasil, na altura do Paralelo 14, a 1676 metros, encontra-se o pico do Pouso Alto.

Suas nascentes são os principais formadores da bacia do Rio Tocantins, um dos últimos mananciais de águas não poluídas do planeta. Saindo da Chapada os rios passam por cânions, cachoeiras e piscinas de rara beleza ao descer pelas serras do Paranã, a leste, e de Santana a noroeste, ambas formando paredões de até 700 metros de altura.

O clima é dividido em épocas de seca (maio a setembro) e chuvas (de outubro a abril), o que faz a Chapada ter uma aparência diferente a cada estação, sendo cada uma com belas e singelas particularidades.

A vegetação característica de cerrado de altitude compreende apenas 3% de todo o cerrado brasileiro, sendo que 98% desta porção mínima encontram-se na Chapada dos Veadeiros.

Nesse santuário de vida silvestre, se refugiam o veado campeiro, a onça, várias espécies de macacos, a anta, o tamanduá, o tatu e o lobo guará, um solitário andarilho dos cerrados. É comum a presença da maior ave das Américas: a ema, que passeia em bandos, assim como as araras e tucanos, também abundantes na região. Papagaios, periquitos, gaviões e garças estão entre as aves que a Chapada abriga. Encontram-se ainda diversas espécies de répteis destacando-se as cobras, jabutis e teiús.

Geografia da Chapada dos Veadeiros
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Geologia

A região da Chapada dos Veadeiros, incluindo o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é uma das feições geomorfológicas mais antigas do Planalto Central e é importante local de encontro de grandes grupos de formação geológica denominado Supergrupo Veadeiros, que contempla os Grupos Araí com 2,1 bilhões de anos, Traíras com 1,8 b.a. e Paranoá com 1,0 b.a.; e o Grupo Bambuí com 650 milhões de anos, todos formados quando ainda não existia vida na Terra, motivo pelo qual não encontramos fósseis na Chapada, esse período antes da explosão de vida é chamado de pré-Cambriano.

O encontro tectônico entre esses grupos é o que faz a geomorfologia da região ser excepcional. Ao longo do tempo, as paisagens foram moldadas e modificadas por ações de chuvas, ventos, calor, desagregação de rochas por água, por raízes de plantas, causando o intemperismo, ajudando a formar os vales, cânions e cachoeiras.

Toda essa movimentação geológica resulta em uma diversidade formidável de paisagens, que é a base para a biodiversidade única e singular presente na região. Os processos geológicos associados aos ecológicos e a grande variação de altitude contribuem ainda para a existência de inúmeros atrativos e possibilidades de recreação e experiências em contato com a natureza.

Texto: Joana Sanches – UFG

foto: Ion David

Fauna

O Cerrado apresenta grande variedade em espécies em todos os ambientes, que dispõem de muitos recursos ecológicos, abrigando comunidades de animais com abundância de indivíduos, alguns com adaptações especializadas para explorar o que fornece seu habitat.

Cerca de 50 das 100 espécies de mamíferos (pertencentes a 67 gêneros) estão no Cerrado. Apresenta mais de 830 espécies de aves, 150 de anfíbios (das quais 45 são endêmicas), 120 espécies de répteis (das quais 45 são endêmicas). Apenas no Distrito Federal há 90 espécies de cupins, 1.000 espécies de borboletas e 500 de abelhas e vespas.

Devido à ação do homem, o Cerrado passou por grandes modificações, alterando os diversos habitats e, conseqüentemente, apresentando espécies ameaçadas de extinção.

Algumas espécies encontradas na Chapada dos Veadeiros

Araras

As araras são um tipo de papagaios coloridos, pertencentes a alguns géneros da família Psittacidae. O grupo encontra-se num estado de conservação ameaçada, graças à caça furtiva devido à sua procura como animais de estimação, e principalmente, ao desaparecimento do seu habitat.

Tamanduá-bandeira

O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) é um mamífero xenartro da família dos mirmecofagídeos, encontrado nas Américas Central e do Sul.

Um tamanduá-bandeira adulto pode atingir 40 kg de peso e um comprimento de 1,80 m, incluindo a cauda. Possui coloração cinza acastanhada, com uma banda preta que se estende do peito até a metade do dorso, cauda comprida e peluda, focinho longo e cilíndrico, pés anteriores com três grandes garras e pés posteriores com cinco garras pequenas.

Alimenta-se de formigas e cupins, capturados pela língua comprida e aderente. Também é conhecido pelos nomes de iurumi, jurumim, tamanduá-açu e tamanduá-cavalo.

Anta

A anta, maior mamífero da América do Sul, é no entanto muito menor que seus parentes da África e da Ásia. Teorias recentes buscam a explicação para este fenômeno na última glaciação, quando a América teria secado demais para permitir a sobrevivência de animais de grande porte.

A anta chega a pesar 300 kg. Tem três dedos nos pés traseiros e um adicional, bem menor, nos dianteiros. Tem uma tromba flexível, preênsil e com pêlos que sente cheiros e umidade. Vive perto de florestas úmidas e rios: toma freqüentemente banhos de água e lama para se livrar de carrapatos, moscas e outros parasitas.

Herbívora monogástrica seletiva, come folhas, frutos, brotos, ramos, plantas aquáticas, grama e pasto. Pode ser vista se alimentando até em plantações de cana-de-açúcar, arroz, milho, cacau e melão. Passa quase 10 horas por dia forrageando em busca de alimento. De hábitos noturnos, esconde-se de dia na mata, saindo à noite para pastar.

De hábitos solitários, são encontrados juntos apenas durante o acasalamento e a amamentação.

Quando ameaçada mergulha na água ou se esconde na mata. Ao galopar derruba pequenas árvores, fazendo muito barulho. Nada bem, e sobe com eficiência terrenos íngremes.

Emite vários sons: o assobio com que o macho atrai a fêmea na época do acasalamento, o guincho estridente que indica medo ou dor, bufa mostrando agressão e produz estalidos.

Lobo-guará

O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é o maior canídeo nativo da América do Sul. A sua distribuição geográfica estende-se pelo sul do Brasil, Paraguai, Peru e Bolívia  a leste dos Andes, estando extinto  no Uruguai  e talvez na Argentina. O Brasil abriga o maior número de animais; dos cerca de 25.000 indivíduos da espécie, cerca de 22.000 estão em território brasileiro. Os biomas  de sua ocorrência no Brasil são: Cerrado, Pantanal, Campos do Sul, parte da Caatinga e Mata Atlântica.

A espécie não está diretamente ligada a nenhum outro gênero de canídeos e aparentemente é uma relíquia da fauna plistocênica da América do Sul, que desapareceu na maioria após a formação do Istmo do Panamá.

Onça-pintada

A onça-pintada (Panthera onca) é um mamífero da ordem dos carnívoros, membro da família dos felídeos, encontrada nas regiões quentes e temperadas do continente americano, desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina. É um símbolo da fauna brasileira. Os vocábulos “jaguar” e “jaguaretê” têm origem no termo guarani jaguarete. Na mitologia maia, apesar ter sido cotada como um animal sagrado, era caçada em cerimônias de iniciação dos homens como guerreiros.

Pato-mergulhão

O pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) é uma ave  do género Mergus.É um pato de feições esguias e possuidor de uma longa crista na cabeça. A cabeça e o pescoço são de cor negra, sendo o resto do corpo mais ou menos acizentado. A crista é normalmente de menores dimensões nas fêmeas.Alimentam-se de peixes, pequenas enguias, larvas de insetos e caracóis.

Os seus locais de reprodução situam-se em rios pouco profundo de corrente rápida, no centro-sul do Brasil. Nidificam em cavidades nas árvores e possivelmente em cavidades rochosas.

A espécie encontra em perigo crítico de extinção. O número total de indivíduos tem-se reduzido, devido a poluição fluvial proveniente de atividades agrícolas e de desflorestação. A sua população atual é estimada em menos de 250 indivíduos.

foto: Ion David

Flora

Mesmo que não totalmente conhecida, a flora do Cerrado é riquíssima. Sua cobertura vegetal é a segunda maior do Brasil, abrangendo uma área de 20% do território nacional. Apresenta as mais diversas formas de vegetação, desde campos sem árvores, ou arbustos, até o cerrado lenhoso  denso com florestas-galeria.

Reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade com a presença de diversos ecossistemas, riquíssima flora com mais de 10.000 espécies de plantas, sendo 4.000 endêmicas desse bioma.

Os campos cobrem a maior parte do território. É essencialmente coberto por gramíneas, com árvores e arbustos. É subdividido em campo de cerrado e campo limpo, que se diferenciam na formação do terreno e na composição do solo, com declives ou plano.

As árvores mais altas do Cerrado chegam a 15 metros de altura e formam estruturas irregulares. Apenas nas matas ciliares as árvores ultrapassam 25 metros e possuem normalmente folhas pequenas. Nos chapadões arenosos e nos quentes campos rupestres estão os mais exuberantes e exóticos cactos, bromeliáceas e orquídeas, contando com centenas de espécies endêmicas. E ainda existem espécies desconhecidas, que devido à ação do homem podem ser destruídas antes mesmo de serem catalogadas.

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Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros - PNCV

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros reúne em sua área protegida grande parte do que restou da fauna nativa, espécies endêmicas do cerrado de altitude e a micro bacia do Rio Preto, divisor natural dos municípios de Alto Paraíso e Cavalcante, que forma em seu percurso os cânions I e II, a cachoeira Cariocas e as Cachoeiras do Garimpão: conhecidos como Salto 80m e Salto de 120m do Rio Preto, os únicos atrativos com visitação permitida do Parque.

Foi criado em 11 de janeiro de 1961, pelo presidente Juscelino Kubitschek e com o nome de Parque Nacional de Tocantins. Ao longo das décadas de 70 e 80 sofreu duas drásticas reduções, restando apenas 10% de sua área original e denominando-se Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

Está localizado no nordeste do Estado de Goiás, entre os Municípios de Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, Teresina de Goiás, Nova Roma e São João d’Aliança. Abriga espécies e formações vegetais únicas, centenas de nascentes e cursos d’água, rochas com mais de um bilhão de anos, além de paisagens de rara beleza, com feições que se alteram ao longo do ano. O Parque também preserva áreas de antigos garimpos, como parte da história local. Foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO, em 2001. Em junho de 2017 a área do Paraue Nacional foi ampliada 65 mil para 240 mil hectares, com a mudança, outros três municípios também foram incluídos: Teresina de Goiás, Nova Roma e São João D’Aliança.

Além da conservação, o Parque tem como objetivos a pesquisa científica, a educação ambiental e a visitação pública. A caminhada e os banhos de cachoeira são as principais atividades no Parque, nas imensas paisagens da Chapada, em uma viagem pelo Cerrado brasileiro nas antigas rotas usadas por garimpeiros, hoje utilizadas pelos visitantes.

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